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sexta-feira, 17 de junho de 2011

EVITA PERON - simplesmente ela.



Maria Eva Duarte, como se chamava no começo; Eva Perón, como ficou conhecida em seus últimos anos; Evita, como o povo a batizou, foi uma figura que rompeu todos os precedentes históricos e definiu uma modalidade política nunca vista até então. Durante o breve período de sua atuação, ao lado de Perón, foi o centro de um crescente poder e se tornou a alma do movimento peronista, em sua essência e em sua voz. Adorada e ao mesmo tempo odiada por milhões de argentinos, o que jamais provocou foi a indiferença.


Maria Eva Duarte nasceu em Los Toldos, província de Buenos Aires, em 1919. Ela, sua mãe - Juana Ibarguren - e seus quatro irmãos formavam a família irregular de Juan Duarte, que morreu quando Evita tinha seis ou sete anos. Nessa época, mudaram-se para Junín, onde Eva permaneceu até 1935.

Sentia-se asfixiada pelo ambiente de cidade do interior e então, com apenas 15 anos, decide se mudar para Buenos Aires em busca de ser atriz. Sozinha, sem recursos nem educação, enfrenta-se com um mundo hostil e difícil, cujas regras desconhece. Mas triunfa: chega a ser atriz de certo nome, apesar de não ter maiores dotes teatrais, a sair em capas de revistas e a encabeçar um programa de rádio muito escutado.



Mas seu destino era outro. Em janeiro de 1944, Eva Duarte conhece o coronel Juan Domingo Perón num festival que a comunidade artística realizava em benefício das vítimas de um terremoto que havia destruído a cidade de San Juan poucos dias antes.

No mês seguinte, já estavam morando juntos e dois anos mais tarde regularizam a relação, contraindo matrimônio numa cerimônia íntima e que não transcende ao público.

Em fevereiro de 1946, após uma campanha eleitoral na qual a presença de Evita foi marcante, Perón é eleito presidente. A oposição transferiu a ela a antipatia e a rejeição que sentiam por Perón. A ascenção vertiginosa "dessa mulher" foi para esses argentinos um motivo mais de repúdio.

No seu papel primeira-dama, Eva Perón desenvolveu um trabalho intenso, tanto no aspecto político quanto no social. No que diz respeito à política, trabalhou intensamente para obter o voto feminino e foi organizadora e fundadora do ramo feminino do movimento peronista. Esta organização se formou recrutando mulheres de distintas extrações sociais por todo o país. As dirigentes da nova agrupação receberam o nome de "delegadas censistas".

No aspecto social seu trabalho se desenvolveu na Fundação Eva Perón, mantida por contribuições de empresários e por doações que os trabalhadores faziam quando tinham uma melhora em seus salários. Criou hospitais, lares para idosos e mães solteiras, dois policlínicos, escolas, uma Cidade Infantil. Durante as festas de fim de ano distribuia sidra e panettone, socorria os necessitados e organizava torneios esportivos infantis e juvenis.



O outro bastão e talvez eixo principal de sua popularidade foi constituído em torno dos sindicalistas e da sua facilidade e carisma para conectar-se com as massas trabalhadoras, às quais ela chamava de seus "descamisados".

Eva Perón faleceu no dia 26 de julho de 1952, sendo ainda muito jovem, por ocasião de uma leucemia. A dor popular não a abandonou num velório que durou 14 dias, e não a abandonaria jamais. No imaginário popular, Evita é para muitos uma santa.


Quando escolhi ser "Evita" sei que escolhi o caminho do meu povo. Agora, a quatro anos daquela eleição, fica fácil demonstrar que efetivamente foi assim.

Ninguém senão o povo me chama de "Evita". Somente aprenderam a me chamar assim os "descamisados". Os homens do governo, os dirigentes políticos, os embaixadores, os homens de empresa, profissionais, intelectuais, etc., que me visitam costumam me chamar de "Senhora"; e alguns inclusive me chamam publicamente de "Excelentíssima ou Digníssima Senhora" e ainda, às vezes, "Senhora Presidenta". Eles não vêem em mim mais do que a Eva Perón.

Os descamisados, no entanto, só me conhecem como "Evita". Eu me apresentei assim pra eles, por outra parte, no dia em que saí ao encontro dos humildes da minha terra dizendo-lhes que preferia ser a "Evita" a ser a esposa do Presidente se esse "Evita" servia para mitigar alguma dor ou enxugar uma lágrima.

E, coisa estranha, se os homens do governo, os dirigentes, os políticos, os embaixadores, os que me chamam de "Senhora" me chamassem de "Evita" eu acharia talvez tão estranho e fora de lugar como que se um garoto, um operário ou uma pessoa humilde do povo me chamasse de "Senhora". Mas creio que eles próprios achariam ainda mais estranho e ineficaz.



Agora se me perguntassem o que é que eu prefiro, minha resposta não demoraria em sair de mim: gosto mais do meu nome de povo. Quando um garoto me chama de "Evita" me sinto mãe de todos os garotos e de todos os fracos e humildes da minha terra. Quando um operário me chama de "Evita" me sinto com orgulho "companheira" de todos os homens.

Fragmento do livro "A razão da minha vida" escrito por Eva Perón em 1951.

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